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Preconceitos em chamas: perspectivas de um mundo que é o nosso

Autor: Carlos Vieira, Psicólogo
CRP: 17-2160

 

Tradição não significa estarem vivos os mortos, senão os mortos vivos.
Gilbert Chesterton

Na raiz das coisas está aquilo que muito especialmente deve nos interessar quando almejamos uma elaboração pessoal da natureza daquilo de que se trata. Quando tratadas sem que deixem de ser considerados aspectos significativos do próprio tempo de seu nascimento, as questões podem se aproximar de um estado de compreensão capaz de contemplar o desejo de saber de forma significativa.

Como tratar de um fruto sem associá-lo ao perfil da árvore na qual ela fora produzida? Como falar de um país sem associá-lo à sua história? De tantos outros possíveis, estes são apenas dois exemplos, os quais têm em comum à própria matéria de que é feita a existência, apesar de o primeiro ser algo que, na maioria das vezes, cabe na palma das nossas mãos, e o outro ser algo pode ter, como no caso do Brasil, dimensões continentais. O que está em questão nesse ponto é, muito especialmente, a lógica que está implicada nos processos de construção daquilo que, simplesmente, está aí, em suma existe. Qual seria esta lógica? Aquela segundo a qual aquilo que é, não deve ser lidado sem que possa estar associado à sua história, e que a perspectiva que contempla tal importância pode mudar a forma como lidamos, antes de mais nada, com nós mesmos, e, por consequência, com as demais pessoas e com o mundo.

Do latim conceptio, “compreensão”, de concipere, “pegar e manter firme”, de com, “junto”, mais capere, “tomar, pegar, segurar”, a palavra conceito remete, do ponto de vista etimológico, àquilo que, uma vez apreendido, tomado como tal segundo importante aproximação a determinado objeto, pode, em suma, servir à potencialização de constructos que visam à compreensão de algo.

Um conceito se coloca de modo a tornar razoável a seguinte analogia: um afiado instrumento de corte (separa, portanto, o útil do inútil); uma rede de pesca (abarca o objeto a que se pretende em seu fim); uma bússola (aponta um caminho, orientado segundo o reconhecimento de uma inteligência/técnica, possível a partir de uma evolução histórica, a reboque de uma sucessão de conquistas da civilização humana através dos tempos). O que torna o conceito filho da força investida de seu tempo.

Passemos a nos ocupar de um tema do qual se pode dizer, por definição, lateral, mas que, não obstante, pelas marcas que têm causado em nosso tempo e espaço, faz-se inadiável ser colocado diante de nossa atenção, recebendo, deste ponto a seguir, status de centralidade: o preconceito.

A seguir, iremos tomar de empréstimo algumas definições do Dicionário Priberam:
1. Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial;
2. Opinião desfavorável que não é baseada em dados objetivos;
3. Estado de abusão, de cegueira moral;
4. Superstição.

Cabe-nos aqui, fazer uma interrogação: qual lugar para o preconceito em nossa vida? Um pre-conceito é, por vezes, um conceito natimorto; no plano das ideias, é uma sombra que a luz não conheceu; trata-se de uma pré-posição lógica, inesclarecida, de algo que se define pelo que ainda não é, pois é marcado pela presença de uma ausência, objeto dessubstancializado, fruto de uma inteligência ao avesso, e que gera aquilo mesmo que a fundamenta: princípios de obsoletismo.

Enquanto se pressupõe a maturação a que foi submetida o conceito, para tornar-se aquilo que é atualmente, o pre-conceito aborta esse processo de maturação, mantendo-se fora de validade, muitas vezes desde o instante seu surgimento. Atesta sobreposição de construções de ideias/modos de ver que, geralmente, tem o seu nascedouro em um passado distante, incidem na atualidade e podem se revelar inteiramente desprovidas de qualquer medida de razoabilidade, de quaisquer condições de sustentação no espaço da civilização após algum tempo de evolução da ciência, da inteligência humana geral, da intelligentsia, na contramão da evolução do tempo, e do que podemos chamar, portanto, de uma nova realidade. A finalidade mais digna de um preconceito é sua superação.

Atos falam. Não é sempre que ouvimos (bem) o que dizem os nossos próprios atos, quiçá aqueles manifestos por outrem. Fundamental que haja uma atenção especial nesse sentido. O registro de que algo do nosso próprio discurso pode nos escapar, não ser capturado, portanto, em nossas redes de assimilação, encontra sua condição de possibilidade em dois fatores, quais sejam: a divisão subjetiva, constitutiva do sujeito, em que se dá a perspectiva psicanalítica de instâncias psíquicas, consciente e inconsciente; e, decorrente dessa ótica, temos a não imprescindibilidade do reconhecimento da natureza de tais manifestações, e o que daí naturalmente decorre – além de um decidido rechaço à inteligência que um sujeito pode apresentar.

O que haveria de mais democrático que o estilo? Desde a impressão digital encontrada em nossos dedos, somos ím-pares (há o que nos liga ao outro, pelo que há de comum propriamente à espécie, e aquilo que radicalmente nos separa enquanto definição de identidade e realidade subjetiva únicas). Segundo estudos genéticos recentes, é minúscula a diferença genética entre cada ser humano. Diria o escritor e biólogo moçambicano Mia Couto: “A minha raça sou eu mesmo. A pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça […]”. Enquanto a raça diz respeito à humanidade, o estilo diz respeito àquilo que é de cada um, particularmente.

O preconceito não anula a diversidade das diferenças, mas, o preconceituoso, no quadro de suas construções mentais, a nega. Aquele que reivindica uma adequação dos outros aos seus padrões pessoais, não só está abraçado à causa das cópias (a cópia é, aqui, expressão de morte), como também pode estar, relativamente a si mesmo – como nos ocorre de testemunhar de forma vasta no consultório –, numa posição de desconforto em relação a determinadas experiências conflituosas, que, outros se permitem a viver e o vivem livremente, apesar do que quer que seja, e que, via de regra, vem de fora, isto é, de mal ditas convenções sociais, mal dizem os sujeitos que, por sua vez, perante os seus espelhos, lhes são heterodoxos.

Dessa forma, o preconceito pode alcançar status de expressão nuviosa de desejo – ou seja, aquilo que muito propriamente causa desconforto e não aceitação ao outro, nada ou pouco tem a ver com o outro em si, mas com aquilo que, vindo do outro pode atravessar o próprio sujeito, de forma que, pode tornar-se parte do problema a dificuldade em fazer o devido reconhecimento de qual é, em última análise, o próprio problema.

Quando se confirma a tese da presença de um desejo na cena preconceituosa, podemos dizer que o problema da nomeação daquilo que de fato se trata vem a revelar, no uso de palavras como “incômodo” e “desconforto”, e da expressão de “não aceitação ao outro”, na verdade, a marca de algo que se traveste de preconceito, e que, a princípio, pode ser mais confortável para o próprio sujeito nomear de tal forma, e com isso assim lidar, uma vez que não o convoca à responsabilidade por aquilo que de fato é seu, no que tange ao fazer com a ética do próprio desejo, mas sim, no que pode cair, desarrazoadamente, em um julgamento e culpabilização de terceiros, quer seja em contextos de expressões associadas à raça, sexo, classe social, religião etc.

Por que o pré-conceito é tão atrativo para os humanos na relação com o outro? Há algumas hipóteses. O rechaço à verdade. A via de poder, pela manipulação de determinado dado (o qual se dá, evidentemente, de forma alinhada aos interesses do manipulador), em detrimento dos termos da verdade. O sujeito que adere a essa modalidade de relação com as coisas empresta protótipos de seu caráter à materialidade das relações e do mundo, segundo um desvirtuamento das coisas tais como elas são, segundo a perspectiva da ciência, no que se reconhece como razão, numa tentativa de fazer prevalecer as suas concepções – estejam elas calcadas sobre o que quer que queira e seja, para o sujeito – sobre a realidade do mundo. A dimensão da alteridade sofre uma perda importante, visando se tornar algo que seja meramente conveniente de lidar.

Há, nesse estado de coisas, um elogio à ignorância como suposto motor do mundo. Ou seja, trata-se de uma perspectiva que foraclui de seus constructos a dimensão da evolução do homem e do mundo, as suas buscas por novas conquistas, novos avanços no campo do saber, e, portanto, do saber fazer com o mundo, numa demonstração perversa de visar uma operação de colonização das mentes, pela força delirante de sua ignorância, e do desejo que o mundo caiba perfeitamente dentro de sua própria mediocridade.

A faceta da reivindicação de uma superioridade, por sua vez, não é menos importante de sofrer maior revisão substancial. Sob esta perspectiva, a superioridade mais digna com a qual devemos e podemos lidar é relativa àquela que o sujeito alcançou em relação a si, com ações e super-ações, a fim de ser alguém mais maduro do que suas versões de outrora.

Notável filósofa do século XX, Hannah Arendt considera como uma das principais características da atividade do pensar, a “retirada do mundo das aparências, do mundo do senso comum”, o que constitui um critério fundamental quando se está com o compromisso de alcançar, pelo pensar por si mesmo, o conhecimento e a verdade. A felicidade não é real ou totalmente verdadeira quando ela vem depois; é preciso que ela venha primeiro. Assim também o é, no que tange à verdade, o conceito. É preciso que venha primeiro.

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